Note que para Carl G. Jung, a psicoterapia como um todo é um processo transdisciplinar: assim como a história da humanidade e da teoria clínica da psicologia, nosso psiquismo também é marcado por momentos onde primam o comportamental, o analítico, o relacional e, por último, o intuitivo. Assim sendo, na fase de "esclarecimento" o que toma a cena analítica é o processo de transferência, na tentativa de deslocar o paciente de suas verdades conscientes, apontando para o que está em suas bases inconscientes.
Como qualquer um pode ver, não é a toa que esse segundo momento é associado ao marco teórico Psicanalítico, de origem freudiana e pós-freudiana. A transferência é a base do processo. Para quem não sabe o que significa transferência, aí vai uma luz sobre o conceito:
![]() |
A Peasant Boy leaning on a Sill (Menino Camponês encostado em um peitoril) Bartolomé Estebán Murillo (1675) |
Na transferência, o paciente revive a relação familiar infantil que teve com os pais na figura do terapeuta, pode até mesmo cair numa situação de dependência. Assim sendo, a função do psicoterapeuta nesse caso é atualizar essa relação, ou seja, levar até a consciência do paciente os conteúdos inconscientes que ele está trazendo e que podem estar na base de muitas das queixas apresentadas. Mediante diferentes técnicas, como a interpretação dos sonhos, o psicoterapeuta junguiano ajuda o paciente a "esclarecer" os papéis que ele está revivendo ali, assim como o porquê ele se atrai para aquelas situações negativas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário