quarta-feira, 4 de abril de 2012

Trabalho com os Sonhos


Uma das principais técnicas da psicoterapia junguiana é o trabalho com os sonhos. Expressão da psique como um todo, os sonhos revelam as diferentes dimensões da vida do cliente, seus conflitos, a origem desses conflitos, seu prognóstico e apontam o caminho para cura.

Mesmo que você não esteja em análise no momento, já pensou em anotar seus sonhos em um "diário"? Sim, esse hábito é muito saudável e nos ajuda a compreender melhor nosso psiquismo. Independente da ajuda de um analista, você mesmo pode ver a evolução dos personagens, roteiros, símbolos e situações que se delineiam na sua tela mental enquanto você dorme. 

É muito comum que ao despertar tenhamos a memória viva do que sonhamos e minutos depois tudo desaparece, acontece que quando entra o "intelecto" (nossos pensamentos, interpretações, impressões sobre o que sonhamos) os símbolos vão ficando difusos. Por isso, nada mais valioso do que manter uma caderneta ao lado e anotar, depois você pensa sobre o que sonhou e faz suas avaliações. 

Em algumas culturas contemporâneas da África os sonhos têm um valor premonitório e também de "mediador" das relações. Os Griot no Senegal, por exemplo, acreditam que o sonho da noite anterior é que determinavam como a pessoa deveria se comportar naquele dia: o que vestir, o que comer, o que fazer, os animais da pessoa, as plantas, etc. Para que a Sacerdotisa interpretasse seus sonhos, os habitantes daquela vila faziam de tudo para sonhar. Caso contrário, uma grande desgraça poderia acontecer. Em outras culturas dali, durante o café-da-manhã os familiares se reúnem e cada um conta o que sonhou durante a noite, os sonhos são discutidos pelo grupo e assim as decisões são tomadas naquela coletividade. 

E é ainda mais interessante quando pensamos nas antigas civilizações: para os egípcios os sonhos eram mensagens dos deuses, para os chineses ao adormecer as almas encontravam-se com os mortos e os sonhos seriam lembranças desses encontros, para os gregos os encontros dos sonhos eram com os deuses. Bem, esse hábito precioso se perdeu na cultura ocidental racionalizada ao extremo, mas vem sendo resgatado pela Psicologia Analítica e outras correntes teóricas que prezam pelo símbolo.

A FUNÇÃO GERAL DOS SONHOS É A DE COMPENSAR,  através dos sonhos temos uma balança psicológica, que favorece o nosso equilíbrio psíquico. Dessa forma, além de compensar conteúdos da personalidade global do indivíduo, os sonhos podem ainda atuar com uma função premonitória: “Se o aviso dos sonhos são rejeitados, podem ocorrer acidentes fatais" (Jung,1964).

Agora pode ser que você se pergunte, do que adianta o analista acompanhar meus sonhos se eu mesmo posso fazê-lo? Bem, além do fato de o analista ter as prerrogativas teóricas e técnicas para o auxílio no bem-estar global dos seus pacientes - não somente para a análise do sonho, este profissional entende a imagem do sonho como a melhor expressão daquilo que não conhecemos e por isso pode auxilia-lo bastante durante sua jornada em busca de si mesmo. As imagens que chegam a nós como representativas do mundo exterior são exatamente as mesmas usadas pela nossa psique para exprimir nosso mundo interior.

O inconsciente se comunica com a dimensão consciente através de imagens, sendo anteriores à própria linguagem verbal. Assim, nunca deixem de ter em conta que a comunicação que os sonhos estabelecem conosco cada noite constituem um modo bastante significativo de expressão espontânea do inconsciente. Não perca a oportunidade de escutar os seus!

2 comentários:

  1. Olá Marianna!
    Tenho em média 2 a 3 sonhos por noite, anoto todos em um diário a cerca de 1 ano e meio. Faço psicoterapia onde conseguimos encontrar muitas respostas do meu inconsciente.
    É muito gostoso!!! Parabéns!!!

    ResponderExcluir
  2. Onde encontro mais sobre esse assunto? Há alguma pesquisa em que posso participar? Obrigada.

    ResponderExcluir